Educar para a cidadania e a civilidade

Diante de tantas notícias alarmantes sobre como os adolescentes vêm lidando com o outro a partir da tecnologia ao seu dispor, temos nos alertado em relação à educação de valores e princípios da nova geração.

Daniel Becker, referência em pediatria no país, escreve alertando as famílias e educadores que é necessário ter a civilidade como princípio. Em suas palavras “crianças não nascem violentas, elas refletem o adoecimento sistêmico de nossa sociedade”. Respeito, limites e empatia remetem à nossa capacidade de conviver e, em se tratando de ensinar valores civilizatórios às crianças, dois atores sobressaem: a família e a escola. 

Afinal, o que significa civilidade? O conceito de civilidade vem do termo romano civitas, que é, ao mesmo tempo, o agrupamento de cidadãos, a cidade enquanto corpo físico, e o conjunto de regras para se viver em grupo. Caracteriza um pacto de não-agressão. É disso que estamos tratando. Um pacto de respeito e empatia pelo outro – seja na vida real ou virtual.  

Crianças aprendem valores observando o que percebem nos seus educadores mais próximos. Como pais, o que podemos oferecer aos filhos, para crescerem e tornarem-se boas pessoas? 

Como instituição, todos os dias pensamos em momentos que colocam as crianças em contato com aquilo que as difere. É importante, desde pequenos, em seus primeiros espaços de socialização e troca, aprender as regras e as normas de uma boa convivência, e uma cultura de paz e civilidade. 

A partir do momento que a escola pensa integralmente os sujeitos que nela habitam, a vida em comunidade se torna conteúdo

A nossa arquitetura revela um pouco isso: todos se vêem e se conhecem. Todos da escola sabem os nomes, as turmas… Brincam, aprendem e respeitam um ao outro, independente de ser maior ou menor de idade. Há amorosidade entre os grupos. Existe aprendizagem mais fraterna do que esta? 

É na relação com os outros que se estabelece o poder, a autonomia, a submissão, a emancipação, enfim, as aprendizagens objetivas e concretas, e, também, as subjetivas e da formação das emoções, sensibilidades, refinamento dos modos e redes de relacionamentos. Neste pacto de respeito ao outro vemos também a concretude de uma cidadania sendo exercida.

Ser cidadão é ter direito à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade perante a lei: ter direitos civis. É também participar no destino da sociedade, votar, ser votado, ter direitos políticos. Mesmo pequenos, as crianças da Infanzia sabem que podem opinar, argumentar, criar, reivindicar. Nossa proposta garante espaços e instrumentos de exercício da democracia dentro e fora da escola.  

Nossos alunos do 3º, 4º e 5º ano do Fundamental vivenciaram um momento único. Aprenderam de forma democrática como podemos cobrar e reivindicar ao representante público soluções para nosso bairro e escola. Conheceram a Câmara Municipal de Niterói – seus vereadores e assessores – e foram convidados a abrirem a Plenária com uma carta solicitando melhorias ao entorno da escola e a colocação de uma faixa de pedestre e sinalização de trânsito adequada.  

Cuidar do outro e da cidade, princípios de cidadania e civilidade tão necessários nos dias de hoje.