A sexualidade atravessa a vida das pessoas de maneira única. Ela se associa às ideias e sensações de amor, prazer e relações afetivas que unem as pessoas. Também está presente em brincadeiras, piadinhas, risadas constrangidas e até em momentos de desconforto. É um assunto íntimo e, quando se manifesta entre as crianças, muitas dúvidas sobre como abordá-lo começam a surgir.
Em nossa sociedade, a sexualidade frequentemente é tratada como um tema proibido e constrangedor. Atualmente, vemos uma série de informações sobre o assunto, especialmente no que se refere ao abuso. É importante lembrar que sexualidade e sexo são coisas distintas.
O desenvolvimento da sexualidade começa desde a gestação, quando os pais formam expectativas e sonhos para seus filhos. A educação sexual se estabelece a partir do momento em que os pais descobrem o sexo do bebê. Da mesma forma que a criança aprende a andar e falar, ela também aprende sobre seu próprio corpo, suas sensações, sua sexualidade e seu gênero. A aprendizagem sobre o próprio corpo e o corpo dos outros, bem como as sensações de carinho, prazer e desprazer, marcam a criança. Através dessas experiências, ela constrói uma imagem de si mesma, sua autoestima e se percebe como menino ou menina.
A curiosidade infantil se estende a todos os aspectos da vida, inclusive o sexual. Assim como a criança quer saber por que o céu é azul ou onde o sol se esconde à noite, ela também pergunta: “Como se faz um filho?”; “Como fui parar na sua barriga?”; “Posso ver seu piupiu?”. Embora essas dúvidas possam parecer assustadoras para os adultos, elas fazem parte da tentativa da criança de entender os diferentes acontecimentos e o mundo ao seu redor.
Como agir quando nossos filhos começam a despertar a curiosidade sobre o próprio corpo e o do outro? Antes de ser influenciada pela moralidade social dos adultos, a criança apenas quer satisfazer sua curiosidade. Como responder a essas perguntas?
Ajudamos as crianças a entender essas questões respondendo exatamente o que elas querem saber, sem acrescentar mais do que isso. Da mesma forma que explicamos outros aspectos da vida, podemos responder suas perguntas com explicações curtas e simples. Tão importante quanto a informação é o clima afetivo e emocional desses momentos. Se o adulto fala sobre o assunto com ansiedade, tensão, desaprovação, vergonha ou culpa, ele pode transmitir esses sentimentos. A criança precisa perceber que suas dúvidas são importantes e merecem respostas.
Como agir quando as crianças manipulam seus genitais
A masturbação infantil é um comportamento comum e natural que faz parte do desenvolvimento da criança. É uma maneira pela qual as crianças exploram seus corpos e descobrem sensações de prazer. Para muitos pais, pode ser um tema desconfortável e difícil de abordar, mas é essencial lidar com isso de maneira apropriada e educativa:
Normalizar o comportamento: Entender que a manipulação dos genitais faz parte do desenvolvimento natural da criança. É uma forma de exploração corporal e não deve ser tratada como algo vergonhoso.
Manter a calma: Reagir com calma e naturalidade. Evite demonstrar choque, vergonha ou raiva. Essas reações podem fazer a criança associar sentimentos negativos ao seu corpo e à sexualidade.
Estabelecer limites apropriados: Ensinar à criança que explorar seu corpo é algo privado e deve ser feito em locais apropriados, como no seu quarto ou banheiro. Explique que algumas ações não são adequadas em público.
Fornecer informação adequada: Responder às perguntas da criança com explicações simples e apropriadas para a idade. Por exemplo, “É normal tocar seu corpo, mas isso deve ser feito em um lugar privado.”
Promover o respeito ao próprio corpo e ao corpo dos outros: Ensinar a criança sobre o respeito aos limites corporais, tanto os próprios quanto os dos outros. Explicar que ninguém deve tocar suas partes íntimas sem permissão.
Buscar recursos educativos: Utilizar livros e recursos educativos que abordem a sexualidade de maneira saudável e apropriada para a idade da criança. Isso pode ajudar a explicar conceitos complexos de forma acessível.
Dialogar com carinho e abertura: Manter um canal de comunicação aberto e amoroso com a criança. Ela deve se sentir à vontade para fazer perguntas e expressar suas dúvidas e sentimentos.
É importante diferenciar a masturbação como uma forma de autoexploração saudável de uma possível indicação de problemas emocionais. Quando a masturbação se torna constante e repetitiva, pode ser um sinal de que a criança está tentando lidar com necessidades afetivas não satisfeitas, como falta de atenção, tédio, ansiedade ou tristeza. Nessas situações, a criança pode estar recorrendo ao seu corpo para compensar o mal-estar, buscando segurança e prazer.
Abordar a masturbação infantil com compreensão e respeito é fundamental para o desenvolvimento saudável da criança. O objetivo é proporcionar um ambiente seguro onde ela possa aprender sobre seu corpo e sua sexualidade de maneira positiva.